Arte e Descolonialidade: Rompendo narrativas hegemônicas.
Arte é uma forma de expressão humana que transcende a linguagem verbal. É uma extensão da vida humana, uma maneira de forma aos caos e a dinâmica da experiência do ser humano em sua existência.
A arte influência a cultura, ou seja, a arte influência os costumes, as tradições, os conhecimentos, os valores, as crenças, a arte, a moral, as leis, os hábitos e as capacidades adquiridas pelos membros de uma sociedade ou grupo social. Em outras palavras, a arte influência a cultura, ou seja, em tudo aquilo que aprendemos e compartilhamos com outras pessoas, moldando nossa forma de viver e interagir com o mundo.
A arte sempre foi um campo de disputa, um espelho das culturas e, ao mesmo tempo, uma ferramenta de resistência. No contexto da descolonialidade, ela se transforma em um ato político, um meio de questionar e subverter as estruturas de poder impostas pelo colonialismo e perpetuadas pela colonialidade. A descolonialidade não busca apenas criticar o passado, mas desconstruir as lógicas que ainda hoje marginalizam saberes, corpos e expressões culturais não-europeias.
A descolonialidade da arte questiona:
- Por que uma máscara africana era "artefato etnográfico" no museu, enquanto a *Mona Lisa* era "obra-prima"?
- Por que a cerâmica indígena não era "arte", mas a porcelana chinesa sim?
Aqui, a arte revela seu lado político: ela define quem é digno de ser chamado "artista" e quem é excluído.
A Arte como resistência e reexistência
A arte descolonial não se limita a estéticas convencionais; ela resgata memórias silenciadas, celebra identidades dissidentes e cria novas epistemologias. Artistas indígenas, negros, periféricos e de outras comunidades subalternizadas utilizam suas obras para contestar a universalização da arte ocidental, mostrando que existem múltiplas formas de criar e interpretar o mundo.
Exemplos como a pintura de Wangechi Mutu, que mistura mitologias africanas com críticas ao patriarcado e ao racismo, ou as performances de Jaider Esbell, artista indígena Makuxi que questionava a mercantilização da cultura originária, demonstram como a arte pode ser um veículo de descolonização do pensamento.
Corpo, território e ancestralidade
A descolonialidade na arte também se manifesta na revalorização do corpo e do território como espaços de luta. O corpo negro, indígena ou queer, historicamente violentado e exotizado, torna-se protagonista de narrativas de empoderamento. A arte urbana de Criola ou os bordados políticos de Arlene da Costa são exemplos de como a criação artística pode ressignificar traumas e celebrar resistências.
Além disso, a conexão com a ancestralidade é um eixo central. Muitos artistas descoloniais dialogam com técnicas tradicionais—como a cerâmica, os grafismos indígenas ou os tambores africanos—não como folclore, mas como saberes vivos que desafiam a noção eurocêntrica de "arte pura".
Desafios e futuros possíveis
Apesar dos avanços, a arte descolonial ainda enfrenta barreiras: a elitização dos espaços culturais, a fetichização da "diferença" pelo mercado e a própria dificuldade em desvincular-se completamente das estruturas coloniais. No entanto, cada obra que questiona o cânone, cada exposição que amplifica vozes marginalizadas, é um passo para um cenário mais plural.
A arte descolonial não oferece respostas prontas, mas provoca perguntas: Quem pode criar? O que é considerado arte? Como a beleza é definida? Ao tensionar essas questões, ela abre caminhos para um mundo onde muitas mundos possam coexistir—como diria o pensador zapatista Subcomandante Marcos.
No fim, a arte descolonial é um convite: não apenas olhar, mas enxergar; não apenas consumir, mas dialogar. Porque a verdadeira descolonização começa quando reconhecemos que a arte nunca foi neutra—e que, justamente por isso, ela pode ser revolucionária.
Quadro com um esquema da explicação - Quadro 02 - Resumo do quadro de cima.
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