O que é Belo?
O adjetivo de Belo/Bela pode ser atribuído a vários temas: pessoas, lugares, paisagens, a natureza, objetos, obras de arte...
Cada um destes temas possui características específicas que o tornam mais ou menos belo.
Mas muitas vezes objetos, pessoas e lugares com características completamente diferentes entre si podem ser considerados belos. Como isso funciona?
O conceito de belo na arte é um tema que tem evoluído ao longo da história, sendo influenciado por diversos fatores, como a religião, a ciência, a sociedade e a cultura. Na arte, o belo seria a exposição sensível da idéia nas obras de arte, a partir das quais, pela primeira vez, seria resolvida a contradição entre sujeito e objeto, uma vez que a obra é “o primeiro elo intermediário entre o que é meramente exterior, sensível e passageiro e o puro pensar”.
O conceito de belo na Filosofia e na Arte é um tema central na estética, ramo da filosofia que investiga a natureza da beleza, a percepção artística e os valores estéticos. A noção do belo varia ao longo da história, refletindo as transformações culturais, sociais e filosóficas de cada época. A busca por definir o belo envolve questões subjetivas e objetivas, relacionadas tanto à experiência individual quanto a padrões universais.
Padrões de beleza
As “regras” para definir o que é belo, ou não, são definidos pela sociedade. Essas “regras” são nomeadas de Padrão de Beleza.
Mas esses Padrões de Beleza representam vários problemas dentro da sociedade (especialmente na nossa).
Por exemplo, excluem diversas características físicas comuns às pessoas, além de reforçar preconceitos etnico-raciais e culturais, além de muitos outros.
A cobrança por seguir esses padrões de beleza, também são na maioria das vezes voltados à mulheres. Fazendo com que tentem moldar seus corpos de forma que não seja natural para eles.
É claro que há também diferentes Padrões de Beleza em diferentes sociedades. Nossa civilização ocidental tem padrões diferentes das civilizações orientais.
Origem do conceito de beleza
O conceito de beleza, ou a concepção do que é belo, surge na filosofia grega. Os gregos entendiam que o equilíbrio das formas, pensado de uma maneira matemática, era sinônimo de perfeição e seria considerado algo esteticamente belo.
Foi no período de ascensão de Atenas, no século V A.C., que os gregos passaram a ter uma percepção mais clara do belo estético (ou estética de beleza). Ocorria, então o desenvolvimento das artes, especialmente da pintura e da escultura
cujas imagens representavam a Beleza ideal. O corpo humano belo era aquele que mostrava harmonia e proporção entre as partes.
Eram considerados bonitos os homens musculosos, bem cuidados, com lábios carnudos e queixos protuberantes. Os ombros largos e braços musculosos eram características apreciadas A postura ereta e elegante era considerada sinal de graça e beleza .
Os gregos acreditavam que um corpo bonito era uma prova de uma mente brilhante e tinham uma palavra para isso: kaloskagathos, que significa ser bonito de se ver e, além disso, uma boa pessoa.
Para os gregos antigos, a beleza não estava no corpo feminino. A beleza era qualidade do corpo masculino mais especialmente do homem rico, másculo e grego.
Afinal, naquela sociedade, somente o homem tinha direito à cidadania, ou seja, à vida política.
O ideal de beleza da Grécia Antiga tinha como base esses 4 conceitos:
• Harmonia
• Simetria
• Equilíbrio
• Proporcionalidade
“Homem Vitruviano” – Leonardo da Vinci, 1490 aprox.
Foi esse período que inspirou vários movimentos artísticos desde o Renascimento até a Idade Moderna.
Por ser considerada um modelo, essa
arte – com seus critérios e princípios
– foi chamada de clássica e, pela
importância que teve, acabou
disseminando pelo mundo seu ideal
de beleza, que passou a ser visto
como universal.
Assim, muitas pessoas passaram a julgar belas apenas as manifestações
artísticas agradáveis, harmoniosas e que mostram o mundo não como ele
é, mas como “deveria” ser segundo esses conceitos.
Para ter uma noção maior, na Pré-História (período anterior a antiguidade), o ideal de beleza feminina era a mulher voluptuosa, com curvas generosas nos seios, barriga, bumbum e coxas. Esse padrão de beleza é representado em estatuetas de Vênus encontradas em regiões da Europa e Sibéria.
Vênus de Willendorf - É uma escultura que idealiza a figura feminina, com ênfase nos seios e na região púbica, e que está relacionada com a fertilidade.
Alguns arqueólogos sugerem que as características dessas mulheres remetem à fertilidade e abundância de alimentos. A Vênus de Willendorf, uma escultura de 11 cm, pode ter sido usada em rituais de fertilidade
Ainda na pré-história, os líderes, geralmente eram os mais fortes do grupo, e para se diferenciar, se enfeitavam com as garras e os dentes dos animais ferozes que caçavam. Homens e mulheres usavam pigmentos naturais para pintar e tatuar o corpo, provavelmente com objetivos de camuflagem e proteção.
Voltando para a Idade Antiga, na Grécia Antiga, filósofos como Platão e Aristóteles foram pioneiros na reflexão sobre o belo. Para Platão, o belo estava associado ao mundo das ideias, sendo uma manifestação do Bem e do Verdadeiro. Ele acreditava que a beleza sensível era uma cópia imperfeita da beleza ideal, acessível apenas por meio da razão. Já Aristóteles via o belo como uma propriedade intrínseca aos objetos, relacionada à harmonia, proporção e ordem. Para ele, a arte imitava a natureza, e a beleza estava ligada à perfeição formal.
Durante a Idade Média, o conceito de belo foi influenciado pelo pensamento cristão. A beleza era associada à divindade e à criação divina, sendo vista como um reflexo da perfeição de Deus. Filósofos como Santo Agostinho e São Tomás de Aquino defendiam que o belo estava ligado à verdade e à bondade, formando uma tríade de valores transcendentais.
No período medieval, o conceito de beleza estava ligado à religião e ao plano espiritual, e era considerado um atributo divino. A beleza era vista como algo casto e angelical, e as imperfeições físicas eram consideradas castigos.
Por esses aspectos, representações da época medieval costumam mostrar mulheres sem quaisquer traços de vaidade: vestidos longos e volumosos para ocultar a silhueta e cabelos escondidos em toucas. O objetivo era se aproximar ao máximo de uma beleza casta e angelical. Aos homens cabiam a guerra e o trabalho duro.
No Renascimento, houve uma retomada dos ideais clássicos de beleza, com ênfase na proporção, simetria e humanismo. Artistas como Leonardo da Vinci e Michelangelo buscaram representar a perfeição humana e a harmonia da natureza. Nesse período, a beleza passou a ser associada também à técnica e ao domínio artístico.
Na obra O Nascimento de Vênus, de Sandro Botticelli, a deusa Vênus simboliza a beleza ideal e a perfeição. A pintura é uma das mais famosas do Renascimento italiano e está exposta na Galleria degli Uffizi, em Florença.
No século XVIII, o Iluminismo trouxe novas reflexões sobre o belo. Immanuel Kant, em sua obra "Crítica do Juízo", diferenciou o belo do agradável e do bom. Para Kant, o belo é desinteressado, ou seja, sua apreciação não depende de utilidade ou interesse pessoal. Ele também destacou a universalidade do juízo estético, afirmando que, embora a experiência do belo seja subjetiva, ela aspira a um consenso universal.
No século XIX, o Romantismo valorizou a expressão individual e a emoção, ampliando o conceito de belo para além da harmonia e da ordem. A beleza passou a ser associada ao sublime, ao infinito e ao transcendente. Filósofos como Friedrich Schiller e Arthur Schopenhauer exploraram a relação entre o belo e a experiência humana, destacando seu papel na libertação espiritual e na compreensão do mundo.
No século XX, a estética contemporânea questionou os padrões tradicionais de beleza, incorporando a diversidade e a pluralidade de expressões artísticas. Movimentos como o modernismo e o pós-modernismo desafiaram noções fixas de beleza, valorizando a ruptura, a ironia e a desconstrução. Filósofos como Theodor Adorno e Walter Benjamin refletiram sobre o impacto da indústria cultural na percepção do belo, destacando a tensão entre a arte autêntica e a massificação.
A importância do estudo do belo reside em sua capacidade de ampliar nossa compreensão da experiência humana. A beleza não é apenas uma qualidade estética, mas também um valor que influencia nossa relação com o mundo, com os outros e conosco mesmos. Através do estudo do belo, podemos refletir sobre questões fundamentais, como a natureza da arte, a percepção sensível e a busca por significado. Além disso, o belo desempenha um papel crucial na educação estética, estimulando a sensibilidade, a criatividade e o pensamento crítico.
Em suma, o conceito de belo é dinâmico e multifacetado, refletindo as complexidades da existência humana. Sua investigação continua a inspirar filósofos, artistas e teóricos, contribuindo para o enriquecimento cultural e espiritual da sociedade.
Exercício de fixação aula 03
01 - No início, o significado de Artes estava ligado diretamente a:
02 - Atualmente, o conceito de Artes foi ampliado para:
03 - Para você, o que é Arte?
04 - Entre as manifestações artísticas, informe duas que você mais gosta: Justique a sua resposta informando o motivo da sua escolha e gosto:
05 - De acordo com o dicionário, o que é belo?
06 - Como Platão define belo?
07 - Como Aristóteles define belo?
08 - Na sua opinião, o que é belo?
09 - No contexto das Artes, o que é Estética? O que ela estuda?
10 - Levando em consideração o bom expressar, em qualquer situação o artista consegue uma maior aceitação do seu trabalho?


.jpeg)


